Comissão realiza discussão sobre o abate de jumentos na Alba

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), deputado José de Arimateia (Republicanos) em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde e Instituto de Pesquisas Afins na Bahia, realizou na manhã desta quarta-feira (17/11) uma audiência pública, que teve como tema o Abate de jumentos x Saúde pública.

O evento ocorreu na Sala das Comissões Herculano de Menezes, na ALBA e contou com a presença de representantes da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB, do Centro de Apoio Operacional as Promotorias de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo – CEAMA, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – Sesab, Médico veterinário do Exército Brasileiro, Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, representantes do The Donkey Sanctuary na América do Sul e da sociedade civil organizada.

Arimateia Realiza Audiência Pública para discutir o abate de jumentos (4)Foram colocados em discussão os impactos que o abate desenfreado pode causar, não somente na economia estadual, como também ao meio ambiente, devido o alto risco de extinção dos animais e à saúde através de doenças existentes nos jumentos que podem atingir humanos, a exemplo do mormo.

A representante do The Donkey Sanctuary na América do Sul, a bióloga Patrícia Tatemoto, trouxe para o conhecimento de todos dados alarmantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com a informação que aproximadamente 64 mil jumentos são abatidos por ano na Bahia, porque existe uma medicina tradicional chinesa que utiliza o colágeno presente na pele do jumento que é utilizada para diversas finalidades. Ela informou também que como o abate desses animais não é uma atividade organizada ocorrem situações de maus tratos, como no caso acompanhado por eles no município de Itapetinga (Ba) onde em agosto de 2018 foram encontrados 3.000 jumentos sem água, alimentação ou assistência veterinária. A bióloga informou que por isso essa atividade representa hoje um problema, pois além de não haver uma organização os casos de maus tratos são recorrentes e não apenas a saúde dos animais é colocada em risco, mas a vida humana também já que o mormo se trata de uma zoonose e pode atingir pessoas e possui uma letalidade de 95%.

Remotamente o médico especialista em infectologia, Eusébio Lino explicou o que é a doença de mormo em humanos, que é uma enfermidade ocupacional causada pela bactéria Burkholderia mallei, e ocorre em indivíduos que tem contato com animais infectados ou que tenham exposição em laboratório à bactéria. O médico trouxe também o primeiro caso de mormo relatado no Brasil em uma criança de 11 anos moradora da periferia de Aracaju que quase veio a óbito só teve êxito no tratamento após a identificação da bactéria em seu organismo.

JArimateia Realiza Audiência Pública para discutir o abate de jumentos (3)á o Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia, Altair Santana em sua participação salientou que é preciso um inquérito soro epidemiológico no estado para levantar a situação real do mormo na Bahia e ser feito um estudo não somente para o mormo como também para a anemia infecciosa equina. Ao terminar sua fala, Altair disse: “Precisamos tomar decisões para que consigamos estudar melhor esse problema grave de saúde pública.”

 

No fim da audiência pública, o deputado Arimateia reforçou que continuará defendendo a causa animal, principalmente os jumentos e que vai fazer os encaminhamentos que como parlamentar é permitido. E terminou dizendo: “Agradeço a todos que participaram remotamente e presencialmente e que contribuíram com este evento. Com certeza esta audiência não para por aqui” finalizou.

Texto: Alex Borges

Fotos: Silas Silva/Cris Oliveira

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