Autismo é discutido em Audiência Pública na ALBA

A Sala Eliel Martins, onde acontecem os encontros semanais da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa da Bahia permaneceu lotada durante toda manhã, desta terça-feira (8). O motivo foi a realização da Audiência Pública, para esclarecimentos sobre a síndrome do autismo e sua real situação na Bahia.

Proposta pelo presidente do Colegiado, deputado estadual, José de Arimatéia (PRB), a cerimônia reuniu um público formado por mães e pais de autistas, autoridades, representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGS). A síndrome atinge 70 mil indivíduos na Bahia, e mais de sete mil na capital do estado.

autismo-audiencia-publica-alba“Com essa audiência pude perceber que o diagnóstico precoce da síndrome é um dos desafios para a saúde pública da nossa Bahia, por isso, precisamos de profissionais capacitados para fazer o atendimento. Estarei atentos a todas as deficiências mencionadas aqui, na tentativa de buscar soluções eficazes a nível de Legislativo”, destacou Arimatéia.

O deputado é autor do Projeto de Lei nº 20.347/2013, que busca proporcionar aos autistas o oferecimento, na rede pública de saúde do Estado, dos exames e avaliação para diagnóstico precoce da síndrome, e também do tratamento para os pacientes portadores do transtorno, além do apoio aos familiares dos pacientes.

No mês passado Arimatéia viabilizou uma reunião com o Secretário Estadual de Saúde, Jorge Solla, e ele destacou o criação do Centro de Referência aos Portadores do Autismo,  através de parceria com a Liga Álvaro Bahia do Martagão Gesteira e está em fase de conclusão. “Até dezembro, deste ano estaremos prestando a assistência necessária aos portadores do autismo, através do Centro”, garantiu o secretário.

Conforme relatou a presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA), Rita Brasil, falta um atendimento multiprofissional e informações, que auxiliem no diagnóstico precoce. Na oportunidade, ela lamentou as instituições privadas, que ainda rejeitam alunos necessitados de cuidados especiais e falou ainda da dificuldade do professor de se comunicar e interagir com o aluno autista.

“O argumento é a falta de estrutura e assim ficamos sem retorno positivo, e com nossas crianças sem uma atenção adequada. Planejem e tracem diretrizes, porque queremos o possível para nossos autistas. Precisamos também de formação para que os professores possam lidar com esses alunos”, disse Rita, ressaltando, que atualmente existem 280 autistas em lista de espera somente na AMA.

A Médica-Psiquiatra e PHD na Divisão de Psiquiatria Social e Cultural na McGill University, Montreal-Canadá, Milena Pondé, realizou uma palestra onde mostrou minuciosamente os caminhos para identificar se a criança apresenta ou não o autismo, e apontou a estimulação precoce, o acompanhamento em escola especializada e um estímulo adequado como alternativas para amenizar o transtorno.

“A pessoa com autismo normalmente apresenta uma dificuldade de iniciar a linguagem verbal e não verbal, a interação social é classificada com distante, recusando a presença do outro e um comportamento ou movimento repetitivo. Vale ressaltar que o autismo não é uma doença é sim uma forma de ser, uma forma diferenciada de ver o mundo”, explicou.

No final da audiência o deputado assumiu o compromisso de elaborar uma indicação solicitando ao Ministério da Saúde, que os autistas também possam ser contemplados com os medicamentos necessários para o tratamento.

Também participaram da audiência a pediatra e gerente do Projeto da Liga Álvaro Bahia do Hospital Martagão Gesteira, Adriana Cardoso; jornalista e consultora de Comunicação, Adriana Nogueira; Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena; Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de intervenção Precoce da Bahia, Daniele Wanderley, além da psiquiatra e coordenadora do ambulatório de Autismo do Hospital das Clínicas, Márcia Pinho.

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